GRANDES QUESTÕES - relato de fabiana

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Como mãe sempre me preocupei em como seria e se estaria devidamente preparada para “as grandes questões” que eventualmente, um dia, poderiam ser colocada pelos meus filhos.
 Quando a Gabriela ainda era bebe, uma amiga me contou que o filho dela de 4 anos, tinha perguntado à ela se ela “iria morrer” e que ela, além de ficar assustada e surpresa com a perguntar, ao  pesquisar “ o por quê” da mesma se deu conta que o “culpado” era o Nemo, dado que no filme, logo antes do logo entrar a mãe do Nemo morre...
 Essa conversa me marcou tanto que a Gabi, passou uns 3 anos assistindo ao Nemo “a partir do logo” sem entender porque ele só tinha pai e o motivo do pai ser tão preocupado e estressado com o pobrezinho...
 Nesse meio tempo, a vida nos deu o grande presente que foi o Tomás, veio sem ser planejado, no susto, na surpresa, completamente inesperado, revolucionou e segue revolucionando completamente a nossa vida e a da irmã dele.
 A irmã cresceu, virou o “oráculo” dele, a grande detentora de todas as respostas... Eu fui fazer analise para aprender a lidar com tanta sabedoria e prepotência numa menina de 6 anos... Descobri que o único problema dela é ser muito parecida comigo, e to aqui, agora,  tentando me reinventar para que a vida seja mais fácil e leve pra ela,e  para mim tb!!!
 Enquanto isso, o “seu Tomás”, depois de ter enlouquecido, ensurdecido e levado à exaustão todos nós no sábado, em pleno dia das crianças, no andar debaixo do  beliche de um apartamento alugado na praia, na hora que os quatro, (pai e mãe no andar de cima, ele e Gabi no andar de baixo), já estavam devidamente silenciados e tentando dormir, inicia o seguinte diálogo:
 
Tomás: Mãe?!
Eu: ... que foi, Tomás?!
Tomás: eu não quero morrer!
Eu: tudo bem Tomás, não se preocupa com isso agora, pq ainda vai demorar muito para o seu dia chegar!
Tomás: mas eu não quero morrer nunc!
Pai: Todo mundo morre Tomás! Pq vc ta preocupado com isso agora?!
Tomás: porque eu não gosto de ficar sem fazer nada!
Pai: mas quando a gente morre a gente não fica sem fazer nada a gente deixa de existir...
Gabriela (que a gente achava que já tava dormindo!): É assim Tomás, como uma árvore que pegou fogo, se sobrar um pedaço de  tronco, ele é só um tronco, a árvore já não tá mais lá, já deixou de existir...
 E assim a nossa vida segue, com o Tomás permitindo a entrada das grandes questões de uma forma completamente estapafúrdia;  com a Gabriela, dando respostas que a gente até hoje segue não preparados para dar, e de um jeito muito melhor do que a gente daria se tivesse conseguido elaborar uma boa resposta.  E, finalmente, com a gente, descobrindo que ainda dá para crescer e aprender muito, mesmo com quase quarenta, e que não tem nada mais lindo do que aprender e ver a vida através dos olhos dos nossos filhos..